As vezes eu esqueço do potencial que a vida tem de mudar as coisas abruptamente. Ficamos ansiosos esperando o dia marcado, mas o que fazer com o de repente? Só vai doer se eu souber, só vai queimar se eu tocar e só vou me decepcionar se tentar. No mais a vida é relativamente simples, porque é simples fechar os olhos e sentir o vento soprar, porque é fácil se esconder atrás de uma das tantas coisas que nos trazem segurança. Mas é extremamente difícil lhe dar com que os outros trazem, com a incerteza, com a insegurança, com os medos,com a dor, ou a impotência, com tudo que sentimos mas não podemos mudar.
Queria entender quando foi que nos tornamos reféns do nosso próprio desgosto, quando fomos sequestrados pela falta de consideração alheia. Entender o porquê de achamos que esconder tudo isso nos salvará. Uma nação do desamor, dos rasos, dos traumas. Uma vida que se segue desconfiando, abrindo abismos, fazendo malabarismo para não se machucar. Mas nada disso funciona, então a tristeza se torna sobretudo solitária, e a autossuficiência, meta evolutiva.
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